Museu de História e Ciências Naturais de Além Paraíba

A região onde se localiza a cidade de Além Paraíba, situada às margens do rio Paraíba do Sul, em território da Província de Minas Gerais, era originalmente coberta por densas matas intransitáveis e habitada pelos índios Puris, também chamados de “Os Salteadores”, ou Coroados. Essa área, conhecida como “Sertões do Leste” até a segunda metade do século XVIII, era desprezada pela Coroa Portuguesa devido à ausência de ouro e pedras preciosas. Apesar disso, tropeiros que viajavam da Corte em direção ao aldeamento do Pomba e ao presídio de São João Batista (atual Visconde do Rio Branco) já conheciam a região.

O descobrimento de ouro em Cantagalo e o contrabando desse metal precioso pelo rio Paraíba do Sul chamaram a atenção das autoridades. Em 1784, o governador da Província de Minas Gerais, Luiz da Cunha Menezes, enviou uma diligência comandada pelo Sargento-Mor Pedro Afonso Galvão de São Martinho, da qual fazia parte o Alferes Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, para conter o contrabando e prender Manoel Henrique, o “Mão-de-Luva”. Parte da missão incluiu a criação de dois registros fiscais na região, denominados “Euriceira” e “Ouriçal ou Louriçal”, além do “Porto do Cunha”, hoje Porto Velho do Cunha, no município do Carmo, no Rio de Janeiro.

Em 1786, uma nova expedição sob o comando de Pedro Afonso Galvão de São Martinho resultou na captura de Mão-de-Luva e na destruição do “Descoberto de Macacú”, local de exploração ilegal de ouro. Com o tempo, as trilhas abertas pelos tropeiros transformaram-se em caminhos para Além Paraíba, que se tornou ponto de passagem para aqueles que viajavam entre Sapucaia, Cantagalo e o interior de Minas Gerais.

O ciclo do café (1820-1890), que floresceu nas regiões do alto Paraíba e nas serras fluminenses, acelerou o povoamento da região. Em 1812, começaram as doações de terras conhecidas como sesmarias, e em 1816, o Padre Miguel Antônio de Paiva tornou-se o donatário das terras onde hoje se localiza a cidade. Em 5 de janeiro de 1819, o padre benzeu a primeira capela da localidade, a Capelinha dos Índios, dedicada a São José, santo que mais tarde se tornou o padroeiro da cidade.

A povoação foi crescendo em importância e passou a ser conhecida como Porto Novo, para se diferenciar de Porto Novo do Cunha, situado 20 km rio abaixo. Em 1819, a localidade foi elevada à categoria de vila, com o nome de Curato de São José d’Além Parahyba, em homenagem ao padroeiro e ao rio que banhava suas margens. Em 1832, o Curato foi elevado à condição de paróquia, consolidando sua importância religiosa e administrativa.

Com o avanço da produção de café, a cidade tornou-se um ponto estratégico no escoamento do produto. Em 1871, com a intervenção do Marquês do Paraná, Além Paraíba recebeu a Estação e ponto terminal da Estrada de Ferro Dom Pedro II, conectando-a ao Rio de Janeiro. A partir de 1873, a Estrada de Ferro Leopoldina expandiu-se em direção a Leopoldina, passando por Volta Grande, fomentando ainda mais o desenvolvimento regional.

Além Paraíba foi emancipada politicamente pela Lei Estadual de Minas Gerais nº 2.678, de 30 de novembro de 1880, tornando-se o município de São José de Além Parahyba. Em 1883, o nome foi simplificado para Além Parahyba, e com a reforma ortográfica de 1943, passou a ser grafado como Além Paraíba.

A cidade viu um intenso desenvolvimento industrial no início do século XX, abrigando fábricas de tecidos, bebidas, móveis, entre outras. Durante esse período, a cidade foi uma das mais industrializadas de Minas Gerais. No entanto, com o tempo, as grandes indústrias locais foram desaparecendo, deixando apenas as memórias de uma era de progresso.

Eventos Marcantes:

  • Energia Elétrica: Em 1906, Adão Pereira Araújo instalou a primeira usina geradora de energia elétrica na cidade, acelerando o progresso de Além Paraíba.
  • Transporte: Além Paraíba teve uma linha de bondes puxados por burros a partir de 1890, e posteriormente bondes elétricos, que operaram até 1939, quando foram substituídos por ônibus.
  • Revolução de 1930: Em 3 de dezembro de 1930, a cidade foi abalada pela explosão de um paiol de munições, que causou a morte de cerca de 50 pessoas, um dos eventos mais trágicos da história local.
  • Aero Clube: A aviação em Além Paraíba começou em 1944 com a construção de um campo de pouso na Ilha do Lazareto, mas o projeto foi descontinuado em 1953 devido a acidentes.

Prefeitos:

  1. Joaquim Luiz de Souza Breves (1882-1892)
  2. Joaquim Canuto de Figueiredo (1892-1894)
  3. Paulo Fonseca (1895-1898)
  4. Joaquim José Álvares dos Santos – Barão de São Geraldo (1899-1900)
  5. Francisco Martins Ferreira (1901-1904)
  6. Francisco de Salles Marques (1905-1906)
  7. José Venâncio Augusto de Godoy (1906-1912)
  8. Ottoni Diniz Manso (1913-1916)
  9. Antônio de Lima Castelo Branco (1917-1922)
  10. Antônio Augusto Junqueira (1922-1930)
  11. Pedro Gonçalves Chaves (1930-1931)
  12. Ladário de Faria (Fev/1931-Mar/1931)
  13. José Venâncio Augusto de Godoy (1931-1934)
  14. Christiano Côrtes Villela (1934-1935)
  15. Jarbas Pires de Salles Marques (1935-1936)
  16. Lineu Antunes Vieira (Jul/1936-Ago/1936)
  17. Christiano Côrtes Villela (1936-1941)
  18. Luiz de Marca (1941-1945)
  19. Odyr Perácio (Set/1945- Nov/1945)
  20. Lourival Ferreira Carneiro (1945-1946)
  21. Leonel de Andrade Botelho (Jan/1946-Mar/1946)
  22. Odyr Perácio (1946-1947)
  23. Romeu Ramos (Jan/1947-Mar/1947)
  24. Odyr Perácio (1947-1948)
  25.  Ladário de Faria (Jan 1948-Mai/1948)
  26. José Tepedino (Mai/1948 a Jun/1948)
  27. Humberto Côrtes Marinho (Jun/1948 a Jan/1950)
  28. Reinaldo Manso Monteiro Nogueira da Gama (Jan/1950 a Out/1950)
  29. Humberto Côrtes Marinho (Out/1950 a Jan/1951)
  30. José Tepedino (Jan/1951)
  31. Octávio de Castro Côrtes (1951-1955)
  32. Humberto Côrtes Marinho (1955-1959)
  33. William Fadel Sahione (1959-1963)
  34. Antônio Marinho Côrtes (1963-Jan/1966)
  35. Octávio de Castro Côrtes (Set/1966-Jan/1967)
  36. Antônio de Castro Côrtes (Jan/1967)
  37. Edson Esquerdo (1967-1971)
  38. José Alves Fortes (1971-1973)
  39. Edson Esquerdo (1973-1977)
  40. Elias Fadel Sahione (1977-1981)
  41. Fernando Lúcio Ferreira Donzeles (1982-1988)
  42. Elias Fadel Sahione (1989-1992)
  43. Fernando Lúcio Ferreira Donzeles (1993-1996)
  44. Miguel Belmiro de Souza (1997-2000)
  45. Sérgio Antônio Ribeiro Ferreira (2001-2004)
  46. Sérgio Antônio Ribeiro Ferreira (2005-2008)
  47. Wolney Freitas (2009-2012)
  48. Fernando Lúcio Ferreira Donzeles (2013-2016)
  49. Miguel Belmiro de Souza Júnior (2017-2020)
  50. Miguel Belmiro de Souza Júnior (2021-2024)

Além Paraíba desempenhou um papel importante no desenvolvimento industrial e agrícola da região, sendo também um ponto de passagem relevante durante o ciclo do café. Hoje, a cidade mantém viva sua rica história, fruto da miscigenação e do trabalho árduo de seus pioneiros, imigrantes e descendentes.